A origem do
carnaval é um assunto controverso. Alguns historiadores associam o começo das
festas carnavalescas aos cultos feitos pelos antigos para louvar boas colheitas
agrárias, dez mil anos antes de Cristo. Já outros dizem que seu início teria
acontecido mais tarde, no Egito, em homenagem à deusa Ísis e ao Touro Apis, com
danças, festas e pessoas mascaradas. Há quem atribua o início do carnaval aos
gregos que festejavam a celebração da volta da primavera e aos cultos ao Deus
Dionísio. E outros ainda falam da Roma Antiga com seus bacanais, saturnais e
lupercais em honra aos deuses Baco, Saturno e Pã.
Hiram
Araújo, em seu livro Carnaval, relata que a origem das festas carnavalescas não
tem como ser precisamente estabelecida, mas que deve estar relacionada aos
cultos agrários, às festas egípcias e, mais tarde ao culto a Dionísio, ritual
que acontecia na Grécia, entre os anos 605 e 527 a.C.
Uma coisa,
porém é comum a todos: o carnaval tem sua história, como todas as grandes
festas, ligada a fenômenos astronómicos ou da natureza. O carnaval se
caracteriza por festas, divertimentos públicos, bailes de máscaras e
manifestações folclóricas.
A palavra
carnaval também apresenta diversas versões e não há unanimidade entre os
estudiosos. Há quem defenda que o termo carnaval deriva de carne vale (adeus
carne!) ou de carne levamen (supressão da carne). Esta interpretação da origem
etimológica da palavra remete-nos ao início do período da Quaresma que era, em
sua origem, não apenas um período de reflexão espiritual como também uma época
de privação de certos alimentos, dentre eles, o a carne.
Outra
interpretação para a etimologia da palavra é a de que esta derive de currus
navalis, expressão anterior ao Cristianismo e que significa carro naval. Esta
interpretação baseia-se nas diversões próprias do começo da primavera, com
cortejos marítimos ou carros alegóricos em forma de barco, tanto na Grécia como
em Roma.
No Brasil, o
carnaval era chamado de Entrudo por influência dos portugueses que trouxeram,
em 1723, brincadeiras e festejos carnavalescos. Muitos atribuem o início do
nosso carnaval à celebração feita pelo povo para comemorar a chegada da Família
Real. As pessoas saíram comemorando pelas ruas com música, usando máscaras e
fantasias.
Podemos
apresentar como fatos marcantes dentro da história do carnaval brasileiro os
seguintes:
Os carros
alegóricos chegam em 1786, por ocasião do casamento de Dom João com Carlota
Joaquina.
Por volta de
1846, houve um acontecimento que revolucionou o carnaval carioca : o aparecimento
do Zé Pereira (tocador de bumbo). O Zé Pereira deixou como sucessores a cuíca,
o tamborim, o reco-reco, o pandeiro e a frigideira, instrumentos que
acompanhavam os blocos de 'sujos' e que hoje animam as nossas escolas de samba.
Até o
aparecimento das primeiras escolas de samba, os cortejos carnavalescos das
chamadas "sociedades" (clubes ou agremiações que, com suas alegorias
e sátiras ao governo) predominavam no carnaval carioca. O primeiro clube a
desfilar, em 1855, chamava-se Congresso das Sumidades Carnavalescas.
Desde 1870,
o cruzamento de influências rítmicas como lundu, polca, maxixe e tango gera um
tipo de música com características do samba. Nos fins do Século XIX, as festas
de dança de negros escravos eram chamadas samba. Ao ritmo do samba, o país
inteiro começa a dançar em clubes e surgem os primeiros cordões de folia. Ainda
nesse século temos dentre alguns fatos marcantes de nosso carnaval o Baile de
Máscaras do Hotel Itália (Largo do Rocio, RJ) em 1840, realizado por iniciativa
dos proprietários do hotel, italianos empolgados com o sucesso dos grandes
bailes de máscaras da Europa.
Em 1873, há
o desfile do primeiro rancho, o Dois de Ouros, liderado pelo baiano Hilário
Jovino Ferreira.
Em 1899, o
aparecimento da música feita para o carnaval, o Abre-Alas de Chiquinha Gonzaga
marca a popularização do carnaval brasileiro e dá início às composições
chamadas marchinhas carnavalescas.
Em 1902, os
cordões carnavalescos já chegam a mais de 200. Encontramos também no início do
século XX: os mascarados, o lança-perfume, as batalhas de confete e os bailes
infantis que dão início às famosas matinês.
O surgimento
do samba foi um poderoso fator de democratização do Rio de Janeiro. De início a
elite reage à "manifestação africana". O primeiro samba gravado, tido
e reconhecido pela maioria dos pesquisadores de música popular é o Pelo
Telefone, de Ernesto dos Santos (Donga) e Mauro de Almeida. A primeira gravação
do samba inaugural foi feita para a Casa Edison do Rio de Janeiro pelo cantor
Bahiano, acompanhado pela Banda da Casa Edison e obteve notoriedade pública no
carnaval de 1917.
Em 1928, foi
criada a primeira escola de samba, Deixa Falar, e, logo depois, a Mangueira. E,
em 1929, começaram os desfiles, que eram realizados na Praça Onze. A primeira
disputa entre escolas de samba aconteceu em 1932 e foi organizada pelo
jornalista Mário Filho.
Em 1942, os
desfiles passam para a Avenida Presidente Vargas. Em 1963, as escolas já se
tornam o grande centro das atenções do carnaval brasileiro e, em 1974, o
desfile carioca passa a ser na Avenida Rio Branco até 1984, quando foi
inaugurado o Sambódromo.
Atualmente,
o carnaval é festejado no sábado, domingo, segunda e terça-feira anteriores aos
quarentas dias que vão da quarta-feira de cinzas ao domingo de Páscoa. Na Bahia
é comemorado também na quinta-feira da terceira semana da Quaresma, mudando de
nome para Micareta. Esta festa deu origem a várias outras em estados do
Nordeste, o chamado "carnaval fora de época" como o Fortal, em Fortaleza;
o Carnatal em Natal; a Micaroa em João Pessoa; o Recifolia, em Recife; o
Micaru, em Caruaru e outros mais.
Hoje o
carnaval transformou-se em forte atracção turística. Podemos dizer que o
carnaval é, hoje, a maior festa folclórica brasileira.
Fontes:
TINHORÃO,
José Ramos. Pequena história da música popular. Editora Vozes LTDA, Petrópolis,
1974.
CABRAL, Sérgio.,
As Escolas de Samba. Editora Fontana LTDA, Rio de Janeiro, 1974.
QUEIRÓS,
Maria Isaura Pereira. Carnaval Brasileiro - O vivido e o mito. Brasiliense,
1992.
Trabalho realizado por: Daniela Santos e Daniela Valente
Sem comentários:
Enviar um comentário